sexta-feira, 31 de outubro de 2014



"Já não me preocupo se eu não sei por que
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você"

"Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava
Provar nada pra ninguém"

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Apressados

Quando estou apressado, lembro de um conselho de meu avô: “Estás com pressa? Então, faz devagar, pois só farás uma vez!”. O conselho é bom. Tentando ser rápidos, atropelamos as maneiras corretas de proceder e o preço é refazer ou desgastar a experiência. Premidos pelo horário, engolimos a comida. Como fica sem gosto, comemos em dobro. Correndo, não vemos a paisagem nem o carrossel de pedestres. Afobados, não escutamos os outros. Mesmo os ruídos internos são abafados, nos distanciamos até de nós mesmos. A pressa é angústia maquiada.

A marca da nossa época é a velocidade. A indústria revolucionou a maneira de fazer objetos e a forma de encarar o tempo. A ordem é: mais produção em menos tempo. O trem, o automóvel e o avião encurtaram o mundo, e a internet o fez ainda mais próximo. Isso tudo é bem-vindo, mas é bom lembrar que esse é o modo de funcionar da máquina, não o nosso. Intimamente, nada mudou. Para pensar e sentir, ainda somos os mesmos. Para aprender e assimilar os golpes da vida, o tempo cobra o mesmo preço. O mundo nos exige a velocidade da máquina, mas às vezes somos nós que nos espelhamos em nossa criação e queremos ser como ela: rápida, eficiente e sem sentimentos.

Existe um fado em que Amália Rodrigues canta: “Se não sabes onde vais, por que teimas em correr?”. A sutileza do verso capta outra dimensão da pressa: ela coloca sentido onde não há. Quem não sabe para onde vai corre a modo de formatar o caminho. O apressado parece ocupado, sério, um trabalhador orgulhoso de sua missão. Nove entre 10 vezes, é apenas um desorganizado, atabalhoado, querendo nos fazer crer o contrário. Mascara com velocidade o vazio de sua missão, quando não, dele mesmo.

O novo DSM-5, a bíblia da psiquiatria americana, recém saído do forno, estipula em duas semanas o prazo para avaliar a passagem do luto normal ao patológico. Veja só, uma vida inteira ao lado de alguém e ficar arrasados por mais de 15 dias nos deixa sob suspeita. A dor de perder os pais, um filho, um amigo, agora funciona na lógica da legislação trabalhista. Pelo jeito, a pressa, contingência de nossa época, subproduto da ordem industrial de conceber o mundo, virou parâmetro de normalidade. Pessoalmente, creio que nos pedem um coração de lata, só assim para se despedir tão rápido.

Jornal Zero Hora, 11 de junho de 2013 - Mario Corso

domingo, 6 de julho de 2014

O poder do reforço intermitente

"Ainda sobre relações amorosas! Há uns tempos encontrei um artigo muito interessante que falava sobre a maneira como o "reforço intermitente" mantém algumas pessoas "presas" a outras. Parte duma ideia que vem da psicologia comportamentalista, muito (psico)fisiológica - o reforço, o estímulo condicionado - mas que adquire uma nova dimensão quando vista deste modo nas relações amorosas.

O reforço intermitente, traduzido à letra, consiste em receber respostas gratificantes aleatoriamente (umas vezes sim e outras não) pela mesma acção e em diferentes ocasiões. Como uma slot machine: às vezes carrega-se no botão e ganha-se; outras não. Numa relação amorosa o efeito é muito mais complexo, como seria de esperar, e "prende" porque mexe com os nossos medos e desejos mais íntimos.

Sorrimos a alguém; a pessoa devolve um sorriso aberto e interessado; isto repete-se por duas ou três ocasiões. Mas noutra ocasião voltamos a sorrir a essa pessoa, e desta vez ela não reage. Sentimos um misto de frustração, dúvida e curiosidade pela ausência de reacção, que nos faz querer tentar outra vez.

Podemos agora substituir o "sorriso" por qualquer troca de afecto entre duas pessoas, e em enredos mais complexos e enraízados numa relação. O efeito é o mesmo: a pessoa fica "presa" pela vontade de chegar a uma situação de saciedade que nunca chega. A relação promete essa saciedade, remete para uma situação ideal no futuro, mas essa situação nunca chega. Há pessoas que são autênticas "mestres" nisto. Sabem lêr o comportamento dos outros, detectar sinais de atracção e de desejo, sabem dar-se numas ocasiões e retirar-se noutras, de maneira a fazer o outro ficar dependente dessa promessa implícita.

Entra-se assim num ciclo de acções e reacções mútuas que oscila entre períodos de frustração e de realização, como uma espécie de droga. Os períodos de satisfação não chegam a ser suficientemente intensos ou longos para saciar totalmente a sêde gerada nos períodos de frustração, e por isso mesmo, quando satisfazem, não é tanto pelas características da pessoa em si, mas pela sensação de abundância que se segue à anterior sensação de escassez. E isto cristaliza-se, enraíza-se no estilo de relacionamento das pessoas, chegando a haver relações que não existiriam se não se alimentassem deste ciclo.

Mas não é entre quaisquer duas pessoas que isto acontece, é preciso uma combinação específica: duas personalidades que "encaixem" no emaranhado de medos e desejos de segurança uma da outra, que tenham o mesmo estilo de comunicação, etc. Muito provavelmente, a pessoa que exerce este efeito sobre a outra aprendeu a fazê-lo inconscientemente, ao longo do seu crescimento, como uma forma de manipulação destinada a "segurar" os outros - para lhe dar uma segurança que compensa a sua dificuldade em relacionar-se abertamente e em plenitude. E a pessoa sobre quem este efeito é exercido, provavelmente já traz em si uma facilidade em pôr-se a si própria em causa, ao seu valor, à sua capacidade de cativar (daí a curiosidade pela ausência de reacção), ou então uma tendência para idealizar este tipo de "pessoas difíceis" que não são coerentes nas suas mostras de afecto.

Seja como fôr, o "remédio" para este mecanismo é o mesmo que para os outros: tomar consciência dele, perceber como e quando isto acontece; enfrentar as verdadeiras questões que estão por detrás (tenho valor? Sou passível de cativar os outros? Sou capaz de estar sozinho? Sou capaz de confiar e entregar-me a alguém? Etc.); e aprender o verdadeiro amor: o amor transparente, directo e livre.

Quando uma relação faz sentido, normalmente, as coisas funcionam quase automaticamente e sem que precisemos de nos esforçar para isso. As coisas fluem, a conversa surge sem dificuldade, as pessoas entendem-se a um nível sensorial. Numa relação boa, as pessoas sentem-se livres, preenchidas e satisfeitas, compreendidas e valorizadas uma pela outra. Mostram uma à outra as suas facetas mais escondidas e os seus defeitos. Não têm necessidade de agradar ou de rejeitar para "segurar" o outro.

O amor não precisa de truques nem de mecanismos. É suficientemente belo e verdadeiro para que se baste a si próprio."

sexta-feira, 4 de abril de 2014

I feel something so right
Doing the wrong thing
I feel something so wrong
Doing the right thingI could lie, could lie, could lie
Everything that kills me makes me feel alive


I know exactly what I want and who I want to be
I know exactly why I walk and talk like a machine
I'm now becoming my own self-fulfilled prophecy
Oh, Oh no! Oh no! Oh No-oh!

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014



Talvez o que a gente mais precisa seja um pouco de férias. Sair de casa com a única certeza: ser feliz. Uma brisa fresca no rosto, sentir o som da maresia beijar os cabelos, sentir os raios do sol aquecendo nossos corações. Porque o melhor da vida continuam sendo os momentos mais simples, com pessoas especiais de verdade.


Maybe we need more
Cash and jewerly
Or maybe we don't know
What we need

Maybe we need
To want to fix it
Maybe stop talking
Maybe start listening 

Maybe we need
To look at this world
Less like a square
And more like a circle

Everything Changes - S.O.J.A